segunda-feira, 21 de março de 2011

Homenagem: O retalho que soma

Quando se pensa num retalho, pensa-se na parte de um todo. O seu grande fascínio esta em verificar como esse fragmento acaba se integrando a um conjunto visual. A idéia de tomar uma imagem e vislumbrar a sua potencialidade na secção cria uma poética entre aquilo que é mostrado e o que se passa a sugerir.

Ao tomar temas característicos do Estado de Goiás, com a procissão do fogaréu, a casa da poeta Cora Coralina , cidades como Caldas Novas e Pirenópolis e manifestações populares, como congada e cavalhada, a artista plástica Helena Vasconcelos consegue realizar essa integração entre o que vê o que se sugere.

Sua solução visual inclui tanto os retalhos ligados a cultura popular, presentes, por exemplo, na chita, como a estática dos vitrais, em sua expressão de justa posição de fragmentos para formar um todo dominado pela força de uma imagem. Nesse aspecto, a forma de fazer é mais importante do que a imagem. A poética dessa artista mineira radicada em Goiânia há mais de duas décadas está na sua capacidade de ver uma imagem e extrair dela o máximo que o seu repertório e histórico visual permite.

No Processo de fragmentar e de recompor, estabelece-se uma dinâmica em que os retalhos são somados para atingir um conjunto que encanta pela harmonia atiginda.

Oscar D' Ambrosio
Jornalista e mestre em artes visuais pelo instituto de artes da UNESP.
Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA- Seção Brasil).

Homenagem Saber do Povo: Retratos de Goiás

O  folclore é um do mais belos retratos do saber de um povo.Tudo que simboliza em seus hábitos,conservados através do tempo;conhecimentos passados de geração em geração, por meio de lendas, mitos, festas, canções, danças, comidas, utensílios, brincadeiras, adereços, e tudo mais que possa representar a cultura popular de um povo.

Foi nestas formas de manifestações culturais que Helena Vasconcelos buscou inspiração para representar pictoriamente parte do folclore de Goiás; as danças típicas:congada, catira e folia de reis; além das cavalhadas e a manifestação religiosa do fogaréu.

Numa investigação sucinta, pesquisou "in loco" todas estas manifestações onde pode captar, com propriedade, as particularidades de cada uma, que integram a sua representação plástica. Foi um trabalho de pesquisa árduo, sério, com muito amor e dedicação, que culminou num resultado surpreendente.

Um registro pictórico com estilo próprio, onde as cores representam a alegria que e peculiar a estas manifestações. Pinturas fortes, líricas e sugestivas, pitorescas e divertidas, apresentam aspectos de singular beleza, com a pureza e características de brasilidades acentuadas, causando admiração sem restrição, ao talento de quem as criou. Representa a ligação do homem a terra, com elementos que desenvolvem a
fantasia e a criatividade, sem o temor de subestimar a arte folclórica tradicional.

Com constancia, através de sua expressão artística,conseguiu alcançar e proporcionar integração e homogeneidade, acalentada pelo sentimento  de brasilidade para atingir a universalidade. Teve em suas raízes, na terra em que nasceu , a profundidade e conhecimentos necessários para as informações precisas,
oriundas das pesquisas sobre as características desse folclore,para se ter um valor social inquestionável.

Tais considerações estão evidentes na obra da artista, determinada a permanecer independente, apesar do que possa ser dito sobre o seu trabalho, repleto de experiências transcendentes e realizações.

ANTÔNIO DA MATA
Produtor Cultural e  Curador da mostra